segunda-feira, 28 de outubro de 2013

onho todas as noites com Você, encontros não marcados em que mais uma vez e de novo mostro minha servidão. As imagens são vívidas e tão reais que quando desperto sinto o corpo tremendo de tesão, a vagina em contrações, molhada de quase gozo, mas não tenho autorização para tanto. A dor do não-gozo se mistura com o prazer da obediência, da espera prolongada, um gozo contido, sentido bem fundo e que não cessa. Cada minuto do dia é dedicado, oferecido, uma puta cadela sedenta sempre ávida para Te servir. Logo logo poderei estar de fato aos Teus pés, presa em Tua masmorra, carne para Tuas torturas, completamente dócil e servil... Tua cadela baba em antecipada alegria..Tateio no escuro, procuro a mim mesma, me coloco de quatro, cheirando o chão...
Rastejo, gemendo, querendo do Dono um afago ou Sua simples presença..
Sinto Sua ausência, a distância, o tempo, e minha impaciência...
Está em mim o único poder que tenho: meu desejo de servir ao meu Senhor. É tudo o que tenho nesse momento e em todos desde que O conheci.
Agora 8 meses são passados, e por Ele tudo faço e farei, corrigindo minhas atitudes, me moldando a Seu jeito, amolecendo minhas arestas e, fluida, deixar-me-ei ser levada para o lugar que quero merecer: Seus pés.
Queria  apressar o Tempo, fazer correr as horas, resolver as pendências para que mais rápido lá eu pudesse já estar. Mas, também isso é parte do meu aprendizado. Enquanto isso, meu Mestre me apresenta dificuldades várias, me ensinando a lidar com cada uma delas. Por isso estou aqui, em serena agonia, em desesperada vontade, em completa sujeição.
Sou Tua, Master Eslam... e Te agradeço por fazeres de mim Tua escrava.

Não sou de fugir dos desafios... Gosto de subir no ring comigo mesma e me vencer, mas sem com isso alcançar nenhuma vitória. O que me move é o embate, o conflito, o eterno impossível de ser satisfeito. 
Algumas vezes me exaspero. A luta que travo se torna dura, difícil, mas não tenho como desistir, não tenho como jogar a toalha. Nessa luta, sem vencidos nem vencedores, o que me sobra de mim eu recolho, meus cacos, pedaços, roupas e sonhos. 
Depois junto tudo, refaço cada coisa em seu lugar, retomo o rumo, sonho de novo e me perdôo. Meu Dono me olha e, compadecido, me acolhe... Agradecida, rastejo, lambendo Seus pés em submisso amor...

Seis meses, Mestre... Quando Te conheci, vi no Teu olhar a brandura, na Tua voz, a doçura. Expressões do Teu ser verdadeiro, por Ti me apaixonei. Meu receio era estar tão longe que não suportasse não estar aos Teus pés, não sentir Teu calor e a força de Tuas mãos, não sentir o cheiro da Tua pele, da Tua boca. O Senhor me convenceu de que me daria, à distância, o que eu jamais tive: Tua presença, constante cuidado, ensinamentos e adestramentos plenos, e amorosa condução. Confiei em Ti, me entreguei e a Ti passei a pertencer por inteiro.

Às vezes tropeço, hesito, questiono minha própria capacidade de suportar Tua ausência física e manter minha submissão, criando justificativas para fugir ao meu destino. Mas o Senhor, pacientemente, me puxa as orelhas, me mostra que é impossível voltar atrás ao que já está estabelecido e definido: ser Teu pertence, Tua escrava pelos tempos que virão.

Aos poucos vou mudando... Minha realidade eu a vejo através dos Teus olhos, daquilo que desenhas para mim, projetada num Tempo/Espaço cheio de possibilidades. O Senhor me chamou para a aventura de minha vida, tomou-me pelas mãos, e eu deixo-me guiar, confiante, serena, feliz.


Porque sou Tua me vejo em véus, em sombra de arvoredo, em nuvem de céu de inverno, azul cristalino profundo....Porque sou Tua me vejo em véus, em sombra de arvoredo, em nuvem de céu de inverno, azul cristalino profundo....
Porque sou Tua me guardo, me aqueço sem tuas mãos, me finjo acordada desse sonho que me toma rumo ao destino de Te servir...
Porque sou Tua me calo, rezo pra dentro, gozo em silêncio, chamando Teu nome no escuro do quarto...
Porque sou Tua me chamo de puta, de escrava cadela, brandindo o cinto na pele nua e nela desenhando Teu nome.. .
Porque sou Tua, apenas Tua em tudo o que quiseres, me ajoelho despida de todos as vaidades, de todas as mentiras, de todo o passado e humilde murmuro: sou Tua serva a Teus pés, Mestre, faça-se em mim segundo a Tua vontade.

Escrevo na minha pele o amor que Te dedico.
Fustigo nos poros, extraindo lamentos
De encantada servidão.

Tua voz me conduz,
grave, suave,
inquestionável autoridade,
à qual me deixo penetrar.

A pele crispa, rubra de carícias,
e Te agradeço,
soluçando,
As marcas do Teu amor

Procurei por significados, sinônimos, antônimos, procurei por simbolismos, formas novas de verbalizar, de expressar o que sinto, o que me move, o que me vai por dentro, e finalmente encontrei: Devoção.

Repetir a cada dia o ajoelhar e beijar o chão como se ali estivessem os pés do Dono é ato singelo, mas coloco em cada gesto a verdade, o desejo, a entrega, renovando em mim o fato puro e simples de ser o  que sou: Sua.

De longe, Ele me observa. Algumas vezes hesito, duvido, questiono minha capacidade de superar a distância, de enfrentar o medo do desconhecido. Ele, com toda a sabedoria de que é possuidor, me acalma e acalenta, me dá Seu colo e me estapeia: Cadela.

Lentamente, a areia do tempo se escoa na ampulheta, inexorável, tempo que não tem volta. Esse é meu momento de construção, e me dedicar a isso é o que me tem trazido as maiores alegrias e impensadas descobertas. Só tenho palavras de gratidão ao Senhor meu Dono, a quem me dei por inteiro, Sua propriedade que sou.

Assim se passaram três meses... Alguns chamam de ilusão, fantasia, imaginação, invenção de minha mente fértil, loucura, enlouquecimento. Algumas vezes cheguei a pensar que fosse, e que minha próxima parada seria no divã de algum analista sequioso por desvendar meus mistérios, desvelando para mim mesma o porquê de tanta intensidade e desejo. Tarefa inútil, posto que eu mesma já me dediquei a isso por anos, e tudo o que consegui foi definir com cada vez maior clareza minha posição e meu caminho: ser escrava. Meu lado obscuro, proibido, visto como deletério e permanente mal, se mostra agora como o mais rico e profuso nas variações do Prazer. Pertencer, obedecer, me dedicar, cumprindo à risca as regras que meu Mestre sutilmente, ou não, me impõe, sendo a maior e fundamental delas o de estar permanentemente à disposição Dele, para o prazer Dele, em dedicação exclusiva e constante.
Assim, após esses três meses, minha alegria se multiplica, minha certeza se define, minha entrega aumenta. Ser Tua escrava, Master Eslam, expõe minhas fragilidades, mas, paradoxalmente, me fortalece para todos os desafios. Meu destino é Te servir...


Ser uma escrava à distância é um desafio e pode ser muito difícil às vezes. Foi o caso ontem. Meu Mestre esteve em minha cabeça o dia todo, desde que eu acordei. Só conseguia pensar Nele, em Sua voz, no Seu pau e em todas as coisas que faz comigo. Isto pode parecer que o que sinto por Ele é apenas tesão, mas é muito mais do que isso. Não se trata apenas de sexo, mas de necessidades físicas e emocionais que, por estar longe Dele não são plenamente satisfeitas, embora servi-Lo seja sempre prazeroso e gratificante.

Para muitos sou auto-suficiente, independente, introvertida, mas às vezes preciso de atenção e admito  isso. Não necessito ser o centro das atenções, na verdade prefiro estar sempre à sombra, fora dos holofotes, mas gosto de sentir que Aquele por quem tenho essa conexão tão forte, foca sua atenção em mim. Não me sinto mal em confessar isso, porque entendo que Dominadores e submissas necessitam de mais atenção que a maioria.

Ontem foi um dia em que tive um forte desejo de estar fisicamente junto ao meu Senhor, dando-Lhe prazer, e tendo todo o prazer por isso. Ele sabe, compreende, e é paciente comigo. Por isso te agradeço, Dono... Por ser Tua escrava, sempre aos Teus pés.




Sinto Tua presença em mim, meu Dono. Quando olho para dentro de mim mesma, é a Ti que vejo.
Sou Tua sombra projetada em sonhos de delicada textura onde a dor e o prazer se misturam. Carne rubra, roxas manchas, vergões, a pele vibra com Tua presença.
Em cada fustigada que me dou, é Teu braço que me guia. A cada nova tarefa, é Tua voz que me ensina, mostrando meus acertos e erros, me levando para melhor Te servir. Amálgama, torneada substância, encaixe perfeito de submissão ao Teu domínio, um crescente e profundo envolvimento, danço, deliro, me entrego.
Docilidade, terna servidão, insuspeitadas alegrias. Cada dia um novo sabor para o meu alimento: Teu prazer, Mestre.


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